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Subjetividade, singularidade e protagonismo: caminhos para humanizar o cuidado

  • Prof. Claudio Brazil
  • 15 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Para qualificar a relação, entre o profissional e seu assistido, é necessário que ambos sejam protagonistas dessa interação, um por ser o expertise teórico e o outro por ser expertise por vivencia.

A pessoa que “adoeceu” tem a capacidade de nos ensinar, a todo o momento situações que a academia não pode nos mostrar. Ela - e somente ela! - pode nos dizer o que está sentindo. Somente ela pode nos falar sobre a experiência que está vivenciando e os efeitos dessa experiência sobre sua existência. Tudo isso, os tratados de patologia não mostram e nem tem como mostrar, porque a doença, a dor, o sofrimento é uma experiência singular e só quem vivencia conhece e pode nos dizer o que está acontecendo.

O profissional não pode ser aquele que escuta atentamente, usando todo seu conhecimento para, simplesmente, rotular o outro, dar um nome para aquele sofrimento e assim exercitar todo seu poder e sua onipotência. Se a pessoa que sofre é a única que sabe o que está sentindo, ao profissional cabe exercer sua capacidade de empatia e chegar o mais próximo da experiência do outro, tentar vivenciar a mesma, para entender o que está acontecendo com o outro e juntos encontrarem uma maneira de resolver o sofrimento ou uma melhor forma de conviver com ele.

Ao profissional cabe afastar obstáculos, abrir caminhos e facilitar para que aquele que está sofrendo seja o protagonista de sua experiência, de sua própria vida, incluindo aí sua saúde, sua “doença’ e seu “tratamento”. O homem tem que ser protagonista e responsável por suas transformações.

Todo o cuidado tem que ser singular e embasado na subjetividade e na unicidade daquele que está sofrendo ou tendo dificuldades para vivenciar a experiência pela qual está passando. Mesmo quem trabalha com diagnósticos ao diagnosticarem uma pessoa com uma denominação essa é diferente de uma outra pessoa com a mesma denominação para seu problema. A doença pode ser igual, mas as pessoas são diferentes porque são únicas.

Qualquer ação a ser desenvolvida com aquele que sofre tem que ser discutida com ele porque ele é o expertise em seu sofrimento e o maior interessado em acabar com ele ou aprender a conviver quando isso não for possível.

Não adianta acabar com o sofrimento se não ficar claro para quem sofre o motivo deles acontecerem, como isso aconteceu e qual ligação com seu passado. Assim, são valorizadas a subjetividade e a singularidade da experiência vivida e não os sintomas de uma doença.

Estamos todos acostumados com a patologização e medicalização da existência e não em buscar entender a experiência que o outro está vivenciando, o que faz com que ele não se veja como protagonista de sua própria existência.

Mesmo quando o trabalho for em grupo precisa ser respeitada e valorizada a singularidade de cada grupo ou comunidade. Eles têm identidade própria. Uma comunidade urbana é diferente de uma comunidade rural. Até mesmo de um bairro para outro, cada um tem suas especificidades próprias. O profissional tem que conhecer essas especificidades e vivenciar, tendo então condições de ser um facilitador do protagonismo do sujeito e da comunidade como um todo.

O bom profissional para se tornar excelente, tem que mudar a lógica sujeito/objeto para sujeito/sujeito e, assim, humanizar as relações e qualificar sua assistência.



 
 
 

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