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Saúde mental: reinventando o cuidado

  • Prof. Claudio Brazil
  • 27 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

A doença mental é uma experiência de vida extremamente “carregada” de estigma, a pessoa ao receber o diagnóstico passa a ser vista com outros olhos pela sociedade, se tiver ainda a desventura de internar em uma instituição psiquiátrica ficará marcada para o resto de sua vida.

Muitos profissionais não estarão preocupados com a qualidade de vida daquele que sofre, mas estarão preocupados sim em dar uma resposta para a sociedade preconceituosa e que não está preparada e disposta a conviver com aquele que foi rotulado de “doente mental”.

As pessoas perdem o respeito pelo sujeito marcado, não aceitam conviver com ele, e o mesmo perde sua dignidade, principalmente seus direitos sociais e, muitas vezes, perdem seus direitos legais quando sofrem interdição.

O preconceito vem de muito tempo, desde quando o “ doente mental” era “depositado” em porões junto a todo tipo de segregados sociais. Os hospitais psiquiátricos, chamados à época de manicômios ou sanatórios, eram construídos afastados do centro das cidades como uma forma de excluir aquelas pessoas do meio social. As pessoas isoladas perdiam suas referências sociais e familiares.

A massificação feita pelo diagnóstico proporciona a ausência da individualidade. Portanto, os indivíduos perdem a subjetividade e a singularidade durante o processo de internação ao serem rotulados.

O grande número de pessoas retiradas da sociedade, pelos mais diversos motivos, e depositadas nas instituições onde tinham poucos e mal preparados indivíduos que eram responsáveis pela custódia das pessoas internadas proporcionava ações de controle truculentas e violentas, na maioria das vezes. O tratamento, em geral, ainda não dispunha da psicofarmacologia.

Mesmo com essa situação sempre existiram pessoas preocupadas em humanizar a assistência como Pinel, Nise da Silveira, Maria Aparecida Minzoni, Wilson K. de Paula e outros que lutaram pela humanização do assistir e cuidar do outro.

Hoje o hospital psiquiátrico tem todo o seu “ranço” e sua vocação de excluir as pessoas de seu meio social e de sua família em nome de um tratamento o qual não valoriza a subjetividade e a singularidade do sujeito, já está ultrapassado e sem espaço na sociedade atual.

Franco Basaglia fez essa demarcação com suas idéias e seu trabalho apoiado na convicção de que “A LIBERDADE É TERAPÊUTICA”.

Partindo dessa ideia toda e qualquer forma de institucionalização tem que ser repensada na sua forma de trabalhar, inclusive os CAPS que são serviços abertos com muitas vantagens na proposta de um cuidado voltado às pessoas em crise e não às suas “doenças” e que vieram para substituir os hospitais psiquiátricos (instituições fechadas), mas que necessitam também criar novas práticas de cuidado e reinventarem-se.

O homem, mesmo aquele com algum comprometimento de sua saúde mental, tem que ser protagonista de sua própria história. Tem que ser mudada a lógica de pessoa/objeto para pessoa/pessoa. É ele e somente ele que sabe o que sente e como sente.

A academia, os gestores e os serviços tem que irem bem mais fundo e investirem nas novas práticas de saúde mental e promoverem a ruptura com o atual modelo que está ficando ultrapassado.

Os responsáveis pelas políticas de saúde mental têm que atentarem para o fato da sociedade em movimento e em mudança. Se o “tratamento” não valorizar a subjetividade e a singularidade do assistido tudo continua dentro da lógica “manicomial” mesmo estando disfarçado com qualquer outra denominação.

O profissional consciente é aquele que valoriza a subjetividade e a singularidade do seu assistitido ao discutir com ele a melhor forma de prestar a assistência, numa relação pessoa-a-pessoa no qual os saberes de todos os sujeitos envolvidos são compartilhados e a busca da resolução dos desafios são encontradas em conjunto, visando a humanização do "fazer" em saúde mental.



 
 
 

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