O enfermeiro para o paciente e o “desvalor” para o empregador
- Prof. Claudio Brazil
- 1 de mai. de 2019
- 3 min de leitura

Nesse dia dedicado ao trabalhador comecei a pensar na relação da enfermagem e do enfermeiro com o mercado de trabalho e o empregador. Ao passar pelas redes sociais observei dois anúncios que me chamaram a atenção pois mostravam um fato que a muito tempo me inquieta, a falta de um piso salarial para os profissionais de enfermagem.
Um dos anúncios era de uma prefeitura da zona sul do estado oferecendo vaga temporária para enfermeiro e um salário de 1800,00 reais aproximadamente e um outro anuncio oferecendo vaga para cuidador de idoso com um salário de 2300,00 reais.
Não é o cuidador de idoso que está ganhando muito é o enfermeiro que ganha pouco. Para ser enfermeiro são necessários muitos anos de estudos, incluindo os 5 anos de faculdade para sua graduação, tendo ainda o tempo de especialização ou residência mais o mestrado e o doutorado. Mesmo que fosse apenas a graduação são 5 anos de faculdade!
Uma instituição de saúde para funcionar necessita ter enfermeiro e serviço de enfermagem. Sem enfermagem os hospitais, os serviços de pronto socorro, pronto atendimento, unidades básicas de saúde, CAPS não conseguem funcionar. Tente imaginar um serviço desses sem a enfermagem como seriam.
É justo esses profissionais receberem menos de 2 salários mínimo nacional? Claro que não é justo, pode até ser legalizado, porque não tem o piso profissional, mas é imoral.
Na hora da dor e sofrimento do outro são esses profissionais que lá estão para proporcionar alivio e conforto ao doente e seus familiares ou até mesmo auxiliar o paciente para que ele possa ter uma morte digna através dos cuidados paliativos.
Muitas vezes sacrificam sua própria família pela ausência , mas não podem nem devem perder a ternura e a cientificidade no seu fazer. Lutam diariamente contra a morte embora possam estar “morrendo por dentro”, devido a pouca valorização do seu trabalho.
O profissional mesmo sem contar com o apoio do empregador, tem que encontrar tempo e recursos financeiros para se manter atualizado e em condições de prestar uma assistência de qualidade que é seu dever. A maioria dos empregadores não facilitam para que o profissional possa fazer uma pós graduação ou até mesmo participar de eventos científicos. Muitas instituições mascaram uma liberação exigindo que as horas liberadas tenham que ser repostas. Não conseguem entender que a atualização do profissional traz benefícios para a instituição. Talvez porque todo aquele que aprende a pensar deixa de ser um simples tarefeiro.
Muitos profissionais aceitam essa situação por não terem o amparo legal do piso profissional ou se acomodam não conseguindo sair da zona de conforto.
Os órgãos de classe tem que serem muito mais atuante na mobilização dos profissionais na luta por uma carga horaria mais justa e por um piso salarial profissional.
As faculdades têm que também levar esse tema para a discussão e mostrar para o aluno de hoje, que é o profissional de amanhã, a importância para sua futura profissão. Despertar o poder de indignação por até hoje não existir um piso salarial. Atenção discentes vocês são os maiores interessados. Com a palavra os diretórios acadêmicos
A luta pelo piso salarial profissional não é de agora, mas esta adormecida e precisa ser retomada pelo bem e pelo futuro da profissão. Os enfermeiros e toda a equipe de enfermagem tem que entrar nessa luta. A profissão enfermagem precisa de todos, ninguém pode se omitir. Em uma eleição o pessoal da enfermagem representa muitos milhares de voto, se estivermos unidos esse é nosso poder de barganha é nossa força.
Ou entramos nessa briga com tudo ou nada vai acontecer. A escolha é nossa se gritarmos seremos ouvidos, se nada fizermos seremos esquecidos, bem e ai cada um vai pagar o que acham que devemos receber.
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