AUTONOMIA, ENFERMEIRO E TRABALHO COM GRUPOS
- Prof. Claudio Brazil
- 15 de set. de 2018
- 3 min de leitura

O ser humano desde o seu nascimento busca evoluir para a autonomia e, entre os seres vivos, é o que mais demora para alcançar essa condição. Ao nascer ele apresenta uma dependência completa e só vai adquirir os rudimentos de sua independência no final do primeiro ano de vida, com o início da sua capacidade de comunicação, de seus primeiros passos e com o controle dos esfíncteres anal e vesical.
Autonomia é ser capaz de suprir suas próprias necessidades, buscar sua liberdade e a adaptação ao meio no qual está inserido. É ser independente em relação ao outro sem contudo, deixar de conviver com ele ou se impor um isolamento social.
Para essa transformação do totalmente dependente para o independente, o ser humano passa pelo conhecer e pelo saber. O conhecer vem através das experiências de vida do experimentar e do conviver, enquanto o saber vem pelo estudo pela formação acadêmica e pelos ensinamentos.
A autonomia e a autoimagem têm uma relação direta, pois quanto mais fortalecida for a autoimagem mais próxima estará a autonomia. Quanto mais me conheço e me amo, mais facilidade terei para conhecer e amar o outro, portanto mais independente serei.
A pessoa, ao adoecer, perde sua autonomia, diminui sua autoimagem e fica dependente dos outros, em maior ou menor grau, dependendo da sua condição de adoecimento. Isso afeta seu autoconceito e o equilíbrio bio-psico-social e espiritual.
Cabe ao enfermeiro e a enfermagem trabalhar para reencontrar esse equilíbrio, fortalecendo a autoestima e, por consequência, restabelecendo a autonomia do paciente. O autocuidado tem que ser estimulado, pois é através dele que a pessoa fica independente, ou seja, fica autônomo.
Para trabalhar o autocuidado o grupo assume um papel extremamente importante, pois a troca de vivencias entre os participantes fará com que experiências que já tiveram sucesso possam ser divididas, discutidas e disseminadas em benefício de todos.
O grupo amplia as possibilidades de tratamento, porque ao invés de ser só o terapeuta e o paciente todos os membros do grupo, através das interações, passam a se ajudarem mutuamente e trocam experiências.
O enfermeiro dentro de sua autonomia profissional pode e deve coordenar esses grupos uma vez que os cuidados com o paciente são parte de seu fazer e do fazer de toda a equipe de enfermagem que ele lidera.
Para coordenar um grupo não é simplesmente reunir pessoas e iniciar uma discussão sobre um determinado tema. Isso seria, fazendo uma analogia ao que discutimos no início desse texto, aquela fase rudimentar da autonomia na qual a criança não domina as técnicas.
O enfermeiro tem que se preparar para dominar as técnicas e a teoria sobre o trabalho com grupos, e a literatura é vasta. A academia tem que investir muito mais na teoria e nas técnicas de trabalho em grupo e com grupo. Seu egresso vai sair legalmente habilitado para trabalhar com grupos, pois por lei ele é o líder da equipe de enfermagem, mas será que ele sai conhecendo as técnicas, os tipos de grupos e a forma de coordená-los?
Na saúde comunitária o trabalho com grupos está mais disseminado, mas na assistência hospitalar ainda falta muito, e é nesses locais que talvez mais seja necessário trabalhar a recuperação ou o fortalecimento da autonomia. O campo de trabalho para o enfermeiro é vasto e pouco ocupado nessa área, talvez esteja faltando ser usada a autonomia profissional, não na forma rudimentar, mas na forma de autonomia plena.
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