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O PACIENTE ALÉM DO DISCURSO: FAZENDO ENFERMAGEM

  • Prof. Claudio Brazil
  • 15 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura

Nos dias agitados em que vivemos, na sociedade conturbada em que estamos inseridos, na violência a que estamos expostos no dia-a-dia nossa saúde mental está cada vez mais deteriorada.

O caldo de cultura para as doenças mentais está cada vez mais forte, enquanto nosso preparo para enfrenta-las é cada vez menor ou, ainda, cada vez mais sublimado.

As doenças ansiosas, obsessivo-compulsiva, a depressão ou o transtorno de personalidade crescem cada vez mais, os quadros psicóticos aumentam de forma assustadora, assim como, as tentativas de suicídio. E o que está sendo feito para enfrenta-los?

Hoje a moda é combater a febre amarela, como ontem foi combater a dengue, a tuberculose, a hanseníase, a gripe A, sem esquecer da AIDS. Todas elas louváveis, mas o que está sendo feito pela doença mental que nem sempre pode levar a morte, mas que, com certeza, leva a um sofrimento intenso para o indivíduo, sua família e comunidade.

Caso uma criança de 10 anos entrar em um surto psicótico - o que é possível- e tentar esfaquear seu irmão de poucos meses no berço, será que estamos preparados para lidar com essa situação? O que fazer com essa criança?

Caso a resposta seja internar, seria internar onde? Qual a instituição está preparada para recebê-la? Quantos profissionais estão preparados para trabalhar com psiquiatria infantil? E se a resposta for não internar e tratar da criança em casa, durante o tratamento os pais cansados adormecem e o pior acontece, como fica a saúde mental dessa família? A dos profissionais eu sei, dentro da sua onipotência e de sua ideologia, eles estão tranquilos, pois fizeram o melhor ao não internar. Os outros não se sentem culpados por não existir um lugar ideal para crianças ou adolescentes internarem. “Que bom, a culpa não é minha! É do sistema ou da sociedade”.

Tirar a “bunda da seringa” é fácil, mas enfrentar o problema com responsabilidade é muito mais complexo.

Não pode existir a disputa de egos, a disputa de defensores do “manicômio” com os “anti-manicomiais”, o que tem que haver é o respeito pelo ser humano, tanto dentro quanto fora de qualquer instituição seja ela hospital ou CAPS.

As pessoas que defendem a desativação dos leitos em hospitais psiquiátricos, já foram ao pronto-socorro e observaram quantas pessoas estão ali jogadas, correndo risco de vida no aguardo de um leito em um hospital?

Eu acredito que estas pessoas não defendam uma unidade psiquiátrica dentro do hospital clínico, pois isso é criar novos manicômios, só que mais elitizados, com mais pompas e com os mesmos preconceitos.

Já os que defendem a internação psiquiátrica para quadros agudos em que os CAPS não podem atender por falta de estrutura, não podem concordar com a alienação total do doente, com a perda da sua cidadania, com seus direitos subtraídos, com a falta total de respeito a sua condição de seres humanos.

O manicômio tem que deixar de existir tanto no intramuros como, também, no extramuros. Tem que sempre existir respeito e ser valorizado o ser humano que necessita do cuidado do profissional de saúde mental independente do lugar de atenção.

Aquela criança psicótica precisa de um local adequado para ser protegida e tratada enquanto aquele outro que já está fora de seu quadro agudo e não está mais em risco deve ir para o convívio dos seus e não tenha mais interrompido o direito de ir e vir.

Talvez se os profissionais terminassem com suas disputas de ego, no qual “minha ideia é melhor do que a tua”, “só o que eu penso é o correto” e pensassem mais na qualidade da assistência e na humanização do cuidado, o paciente poderia sair beneficiado e ter uma vida muito mais saudável e mais feliz.

Só para lembrar, paciente é aquele que sofre e não um ser passivo.

Enquanto politizam a saúde vamos lutar pela humanização do cuidado e isso é ser enfermeiro, isso é fazer enfermagem!





 
 
 

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