SUICÍDIO: SINAIS E PREVENÇÃO
- Prof. Claudio Brazil
- 3 de set. de 2017
- 4 min de leitura

Suicídio é a morte de si e, ao mesmo tempo, uma atitude dual, ambivalente no qual a “covardia” para poder enfrentar um problema confunde-se com a “coragem” de tirar a própria vida.
O ato de nascer é abrir mão da vida para lutar pela própria vida, o indivíduo sai da segurança do útero materno, aprende a respirar e parte para a luta diária em busca do alimento e da sobrevivência.
É nesta luta diária que surge, os problemas em todos os planos: físico, psíquico, social e espiritual que irão atingir nossa autoestima e autoimagem.
A baixa autoestima acentuada faz diminuir o amor por si e, este sentimento, de não conseguir se amar leva a sensação de não ser amado e de não ser aceito. Diminui a autoimagem. Perde a força e a vontade de viver. O mundo fica frio e cinza. Não há sol nem flores fica “surdo” ao canto dos pássaros. A vida perde o encanto.
A pessoa perde os hábitos primários da vida como tomar banho, a higienização em geral e a vontade de alimentar-se. Não tem forças para levantar da cama e até mesmo para abrir os olhos e de preferência em um ambiente escuro. Falta amor, falta combustível para tocar a vida.
O hábito de fumar, beber imoderadamente, comer de forma errada e exagerada nada mais são do que um ato suicida, porque ao não cuidar da saúde nos aproximamos da morte. O sedentarismo, a não adesão a prevenção e tratamento das doenças de forma voluntária, como o hipertenso ou diabético que não se cuida podem também estar incluídos.
A pessoa que sofre vários acidentes tem que ser investigada, pois ou é um “azarado” ou um suicida em potencial.
Um desapego repentino por suas coisas, como doar suas roupas e seus bens são sinais os quais devemos ficar atentos e avaliar a possibilidade de suicídio.
Toda a tentativa de suicídio tem que ser valorizada, mesmo aquela que parece um simples arranhão, com certeza é um pedido de socorro, a pessoa nos pede e necessita de ajuda e, muitas vezes de proteção para não se matar.
As perdas, alguma doença grave, a morte de alguém significativo, o histórico familiar de suicídio, as datas importantes para a pessoa como, por exemplo, aquela que marca a perda de um filho, pais ou irmãos são fatores que deve nos deixar atentos à possibilidade do suicídio, principalmente para aquelas pessoas com histórico de tentativa ou sinais prévios de perda da autoestima e autoimagem.
A situação econômica, as crises financeiras, as frustrações, a perda de capacidade de gerenciar sua própria vida e de assistir aos seus, fragilizam a pessoa e isso torna-se um excelente caldo de cultura para o suicídio.
A ausência de fé ou o radicalismo religioso são fatores que também podem levar o indivíduo a cometer o suicídio.
A morte é instigante, para alguns o fim de tudo para outros o recomeço de uma nova vida. Todo mundo sabe que existe, mas ninguém passou por ela e voltou para dizer com é o lado de lá ou se foi para lá e voltou não lembra.
A criança não conhece a finitude da morte, para ela dá para ir e voltar por isso, desconhece o perigo, portanto, não o teme, precisa ser protegida e orientada. A criança também se frustra, tem perdas e se deprime, por isso fique atento a quedas e acidentes. Converse, entenda a situação e proteja sempre.
Preste muita atenção no adolescente, pois ele está vivendo um momento de muita ambivalência querendo ser adulto e temendo se tornar um. Vivendo, muitas vezes, um mundo idealizado e distante do real, seduzidos pelo mistério e misticismo tal qual a morte. Todo ou quase todo o adolescente já pensou em morrer, portanto muita atenção para suas atitudes e comportamento e muito diálogo.
É importante destacar também que quando estamos diante de um suicida em potencial devemos estar atentos ao grau de risco que a pessoa se encontra: se ela tiver a ideia do suicídio é grave, mas se tiver a ideia e o plano é muito grave e necessita de intervenção imediata. A tríade do suicídio é: a ideia, plano e força para executar o ato suicida.
Portanto, quando estiver com uma pessoa deprimida fique muito atento no momento em que ela estiver melhorando, pois é aí que aumenta o risco de suicídio. A pessoa continua com a ideia de morte e agora está recuperando a força para poder se matar.
O ato suicida é a demonstração de uma situação de extremo sofrimento, portanto sempre devemos estar atentos para os sinais que a pessoa demonstra, sermos empáticos, buscando meios de auxiliar o paciente para que ele possa encontrar respostas e soluções de seus problemas e ser resiliente. Trabalhar para aumentar a autoestima e a autoimagem do paciente.
O profissional tem que se colocar à disposição e ser o porto seguro do paciente. Tem que compreender todo o processo, tudo aquilo que está fazendo e para isso é importante recorrer aos estudos e sempre buscar a opinião de outros colegas mais experientes ou mais capacitados neste assunto.
Caso estivermos atentos a todos os sinais, uma boa anamnese, com certeza, muitas mortes poderão ser evitadas, teremos menos suicídio e o alivio de muitos sofrimentos, tanto do paciente quanto de sua família.
Muitos podem dizer que a pessoa tem direito de morrer, mas quando me tornei enfermeiro jurei lutar pela vida ou por propiciar todos os meios de uma morte digna e, não consigo ver dignidade na morte por suicídio.
Vamos fazer parte do Setembro Amarelo, vamos prevenir o suicídio!
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