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CRACOLÂNCIA A GRANDE CHAGA SOCIAL DA ATUALIDADE

  • Prof. Claudio Brazil
  • 28 de mai. de 2017
  • 3 min de leitura

A Cracolândia, no coração da maior cidade da América do Sul, São Paulo, é uma das maiores chagas da sociedade dita civilizada e demonstra, claramente, a falência dos Serviços de Saúde, bem como, da Segurança Pública. O dependente químico é caso de saúde, é um doente que necessita ser tratado, mas o traficante que é o único a se beneficiar com a Cracolândia e com o sofrimento dos dependentes e seus familiares, é um caso de polícia.

Quantas mães e pais choram “lágrimas de sangue” ao serem seus filhos doentes, viciados em drogas, andarem como zumbis naquele espaço imundo, onde muitos ratos se negam a irem?

A sociedade, em geral, simplesmente os ignoram e os deixam abandonados a sua própria sorte.

Roubam, prostituem-se, vivem em um lugar que deveria ser interditado pela Vigilância Sanitária ou por órgãos de Saúde Pública, onde nem a ambulância e nem os profissionais de saúde conseguem atuar neste local. Mas porque se preocupar já que são filhos, pais, irmãos de outros e não seus?

Onde estão os defensores (ativistas) dos direitos humanos que nada fazem para minimizar aquela situação de degradação, física, social, psicológica e, principalmente, da condição humana, ou eles fazem, mas são muitos discursos estéreis, quando a polícia age e os traficantes usam os doentes como escudos humanos para se protegerem.

Nestes últimos dias vi muitos profissionais de saúde falando nos meios de comunicação posicionando-se contrários a ação desencadeada pela Prefeitura de São Paulo, pois o doente tem que querer se tratar e são contra a internação compulsória.

A Promotoria Pública também tem uma posição contrária a ação da Prefeitura, o argumento de um dos promotores é que a Cracolândia estava se subdividindo e se espalhando pela cidade será que a preocupação dele não é porque o problema deixa de ser circunscrito e começa a chegar perto de casa?

E a internação compulsória seria a solução? Ou simplesmente seria a transferência de local por falta de uma estrutura que realmente pudesse tratar o problema?

Mas se não for o tratamento compulsório, será que aqueles doentes têm condições de decidir sobre o tratamento? Qualquer aluno iniciante dos cursos de saúde sabe que o crack atinge seriamente o cérebro dos usuários, bem como seu sistema nervoso e sua condição psíquica, além dos comprometimentos físicos e sociais.

É inegável a necessidade de internação dessas pessoas que já perderam tudo, inclusive sua dignidade, estão “semi-vivas” e, no momento, não têm condições de decidirem quanto suas vidas, mas elas têm familiares que se angustiam com a situação degradante em que eles se encontram, então a família deveria ter o direito de decidir pela internação.

E após a internação, o tratamento precisa ter continuidade nos serviços de saúde (atenção básica, CAPS, Comunidades Terapêuticas, Unidades de Acolhimento, entre outros), serviços de assistência social (CREASS, CRASS, entre outros), ONG e demais dispositivos que existam na cidade São Paulo.

A questão do crack, além de ser um problema de Saúde Pública, também é um problema social e de segurança pública, somente um trabalho em conjunto poderá minimizar essa situação.

O Governo anterior da cidade de São Paulo tentou oferecer moradias dignas e tratamento para aqueles que aceitassem se tratar. Não deu certo, os traficantes não deixaram funcionar e a secretaria de saúde não deu conta do trabalho.

A Cracolândia continuou lá “pujante” como sempre. São mais de 2000 pessoas doentes em uma condição sub-humana que mais parecem zumbis, vivendo cercadas por uma sociedade hipócrita que discursa, mas nada faz de prático.

Próximo a nós outras “Cracolândias” estão começando a se estabelecer como em Porto Alegre. É só andar pelo Centro Histórico como no viaduto da Borges, Praça da Matriz, próximo ao Mercado Público e Prefeitura. Só falta delimitar o local e teremos o embrião de uma nova cidade de “zumbis”, com seus efeitos colaterais: prostituição, assaltos, homicídios e famílias destruídas.

Em Pelotas, é só ir no Banco do Brasil da Av. Bento Gonçalves. É assim que começa...

Na Cracolândia a solução é muito complexa e difícil, mas aqui é mais fácil, depende de ação e vontade política de resolver o problema, sem ter a preocupação de colocar seu nome em ações inéditas e inconsequentes.

A prevenção ainda é a solução e sem ela a tendência é que muitas “Cracolândias” surjam.

A sociedade como um todo precisa reagir e não fechar os olhos para um problema que está ou pode estar presente na vida de todos nós.

O Governo tanto Federal, Estadual e Municipal têm que investirem em Programas de Prevenção ao uso de drogas, enquanto a segurança pública tem que enfrentar o tráfico, os traficantes que destroem milhares de famílias.

Chega de discursos vazios, o problema precisa ser enfrentado, se tiver que ser tratamento no local/ comunidade ou internação involuntária que tenha, se houver outra solução façam, mas não permitam mais que mães chorem a perda de seus filhos, não só pela morte física, mas pela morte em vida, na forma de zumbis.

Invistam na educação, na orientação, no diálogo entre pais e filhos, nos esportes, não deixem surgir novas “Cracolândias”, pois aquela está muito difícil de resolver.



 
 
 

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