REABILITAR
- Etiene Menezes
- 15 de jan. de 2017
- 1 min de leitura

Rubem Alves em um de seus contos, intitulado “Ostra feliz não faz pérola”, relata a história de uma ostra que certa vez um grão de areia entrou em sua carne lhe provocando imensa dor, não havia jeito de livrar-se da areia, mas havia uma forma de aliviar a dor, envolvendo a areia que era áspera, pontuda e rasgava sua carne em algo redondo e liso: a pérola. Para tanto, enquanto cantava sua dor usava o seu corpo para fazer esse trabalho.
Este conto me fez refletir sobre nossa capacidade de transformar a tragédia em beleza e aliviar o sofrimento tornando-o suportável. Mas quando não conseguimos fazer isso sozinhos? Daí eu penso que entra o papel do profissional da saúde, pois podemos ajudar, facilitar, apoiar, dar suporte para tornar essa transformação possível: sofrimento, dor em algo belo! Penso ser esse um dos papéis dos profissionais de saúde mental e sua forma de cuidar, identificando as potencialidades do usuário em conjunto com o mesmo, criando novas perspectivas e dando autonomia para que o sujeito transforme sua dor em belo, em aprendizado.
Acredito com convicção que isso é o que fazemos: profissionais, usuários e familiares no nosso dia-a-dia nos serviços de saúde mental. A proposta não é curativa e sim criadora busca descobrir novas formas de lidar com a vida e suas adversidades.
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