NOSSOS CORAÇÕES NUNCA ESTIVERAM MOFADOS
- Manu Brazil
- 9 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

É, o Grêmio saiu campeão.
Depois de longos e profundos 15 anos desde o último título de expressão nacional, o imortal renasceu.
17/06/2001, as vésperas do meu segundo ano de vida, o Grêmio Foot-ball Porto Alegrense vencia o seu tetracampeonato pela Copa do Brasil. Com dois anos de idade é tecnicamente impossível lembrar do gosto da vitória, do sabor de ser campeão.
Mas foi em 2004, no ano do seu segundo rebaixamento, com apenas 5 de idade, que decidi vestir o manto azul. Que sem saber sobre futebol escolhia um time que estava fadado à mais extensa lacuna de sua história.
Foram anos doloridos, sofridos, embalados a provocações do rival, que viria a ter sua melhor fase, justo no nosso pior momento. Mais de uma década de riso travado, de grito preso na garganta.
Mais de uma década que desenvolveu o medo do resultado na nação tricolor. O medo de estar quase lá e passar por mais uma frustração, o medo da ilusão irrevogável a qualquer torcedor de qualquer time do mundo: o medo DE ACREDITAR NA VITORIA.
Nós, gremistas, desenvolvemos o medo de acreditar que sairíamos campeões.
Como esquecer a disputa contra o Ajax, em 1995? E a final da Libertadores, com o Boca, em 2007? Como enfrentar tantos "quases" abafados pela triste realidade da derrota? Como acreditar na volta por cima?
O jejum pelo qual passamos não foi bom, não há como negar. Foi angustiante, desanimador. Mas talvez tenha nos feito bem.
Talvez tenha sido a nossa renovação.
Talvez tenha nos ensinado a deixar de lado a prepotência e fazer prevalecer a união. Por qual razão uma torcida levanta um time duas vezes rebaixado há mais de uma década sem vencer? Como a geração do Grêmio como hegemonia no futebol, conseguiu transmitir o sentimento a uma geração de um Grêmio fracassado, sem esperanças? Como o Olímpico seguia lotado, e a Arena lotada, e os corações lotados de esperança?
Só há uma razão.... Aquilo que hoje já não vemos no futebol: amor à camisa. Vivemos na falta de um ídolo, na ausência de uma boa direção, na amargurada sensação de que aquele vazio seria eterno.
Só uma torcida grande faz um clube grande, mesmo que ele tenha caído. Mesmo que ele caia de novo. Talvez "imortal" seja nem tanto a característica do clube, mas com certeza da torcida.... E os dois se completam.
Imortais que não se apagam pelas derrotas, que não deixam perder o brilho pela distância do lugar mais alto da tabela.
Tantos anos com perguntas que pareciam não ter respostas....
O que faltou para consagrar Tcheco? Um título.
O que faltou para voltar às discussões de bar? Um título.
O que faltou para libertar a nossa alma esmaecida e resgatar a nossa dignidade? Um título.
E esse título chegou.
Não precisávamos mais comemorar a taça, mas merecíamos.
Renato voltou para consagrar a sua história no memorial do clube.
Aprendemos como torcida, a nunca deixar de acreditar. A não deixar de apoiar. Nos multiplicamos mesmo em tempos difíceis. Nos tornamos um em momentos de divergências. Nos apaixonamos por um time que aparentemente não nos dava razões para isso.
07/12/16. 15 anos, 5 meses e 20 dias depois o Grêmio voltaria para resgatar o pentacampeonato esquecido no passado.
Ainda não estamos nos preocupando com o próximo título que vira.
Não estamos estabelecendo prazos, nem com medo deles.
No momento, a palavra que traduz perfeitamente o que estamos sentindo é apenas uma: LIBERDADE.
Afinal, o campeão voltou.
[•••] "Mas o certo é que nós estaremos,
Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver[...]"
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