O enfermeiro e a assistência humanizada
- Claudio Brazil
- 30 de out. de 2016
- 3 min de leitura

Como já dizia a grande mestre Wanda do Aguiar Horta “A enfermagem é a ciência e a arte de cuidar do ser humano” e, podemos acrescentar, ainda, que das profissões da área da saúde é a que têm as maiores possibilidades de prestar um cuidado humanizado.
O fato de ser ciência faz com que o profissional enfermeiro tenha que estudar cada vez mais e sempre, pois o avanço da ciência é muito rápido e o que hoje é uma verdade, amanhã pode não ser mais. A tecnologia e as técnicas avançam e mudam constantemente. Muita leitura e muito estudo vão nos tornar atualizados, importantes e indispensáveis para a profissão e para os pacientes e, ainda, muito mais capaz de prestar uma assistência de qualidade e humanizada.
A arte está ligada a sensibilidade do ser humano e o enfermeiro tem que ser sensível para poder entender o que nos diz o paciente, muitas vezes de forma subliminar. Tem que ser entendido o que está nas entrelinhas, o que ainda não nos foi dito e para isto é preciso estar à disposição de seu paciente, tem que estar disposto a ouvir e compreender o outro. Tem que ter seu próprio conteúdo interno muito bem conhecido e trabalhado para que este não interfira na sua interpretação do que foi ouvido e/ou observado.
Para que seja feito um cuidado humanizado é necessário nos despirmos da vaidade. É importante o exercício da humanismo, pois, só assim, poderemos estar mais próximos da empatia.
É através da empatia que inicia um cuidado humanizado, pois ao colocar-se no lugar do outro, passamos a compreendê-lo melhor e assim respeitar muito mais seu sofrimento, então iremos buscar o melhor para amenizar tudo aquilo que está o incomodando.
Minha posição como profissional e a dele como paciente não faz de mim um ser humano superior. O meu conhecimento teórico sobre uma determinada condição/doença/ agravo e seus cuidados necessários, até pode ser maior, mas a dor e o sofrimento são dele. Tem que ser construída uma ponte de solidariedade entre o paciente e o enfermeiro. Este compartilhamento, com certeza, vai humanizar a assistência prestada.
É necessário saber lidar com a onipotência profissional e, ainda, aprender a respeitar o paciente como um ser único, bem como, a valorizar sua participação, estimulando o engajamento total no seu próprio tratamento.
O enfermeiro tem que ser generoso e dividir com o paciente seu tempo e seu trabalho, seu conhecimento teórico e prático, tanto na orientação quanto na execução de uma técnica, durante a prestação da assistência.
O altruísmo faz parte da assistência e do exercício da enfermagem, pois muitas vezes temos que abrir mão de nossas coisas (convicções, preconceitos...) para aliviar o sofrimento do outro. Deixamos de lado nosso sofrimento e nossas frustrações para investir no alivio da dor e do sofrimento do outro.
A enfermagem está 24hs junto ao paciente quando este está hospitalizado e, por isso que volto a afirmar que das profissões da área da saúde é a que mais tem condições de poder oferecer um cuidado mais humanizado.
Cuidado humanizado é aquele feito com entrega, humildade, generosidade e altruísmo. Para fazer isso o enfermeiro precisa ter um excelente preparo teórico – técnico associado a condição de ser gente que gosta de gente. Quanto mais se aprende mais se sente a necessidade de aprender e, este aprendizado vai ser usado a favor do paciente e da qualidade da assistência.
Além do preparo teórico-técnico, o enfermeiro precisa estar psicologicamente preparado e seguro para enfrentar aquelas situações de dor, sofrimento e morte que que fazem parte do seu dia-a-dia. Para dar essa segurança é fundamental que todo o profissional tenha uma supervisão, pois quanto maior o conhecimento de si mesmo, mais fácil vai ser de conhecer e entender o outro.
A resiliência tem que fazer parte da atuação do enfermeiro, de seu dia-a-dia, pois o sofrimento não pode nos derrotar, pelo contrário tem que ser o impulso para nosso crescimento.
A dor e a morte não podem ser banalizadas pelo embrutecimento do profissional, mas valorizadas, enfrentadas com disposição e com garra, sem nunca perder a sensibilidade e o afeto da relação com o outro.
O reconhecimento da importância do paciente pelo enfermeiro, sua valorização e seu respeito são ingredientes importantes para humanizar nosso fazer, associado ao conhecimento teórico- prático que vão qualificar e humanizar a assistência do profissional enfermeiro prestada para aqueles que necessitam.
O avanço da tecnologia não pode ser um empecilho para o cuidado humanizado, pelo contrário, toda a nova tecnologia tem que ser usada a favor da assistência humanizada. A máquina tem que estar a serviço do homem e não o homem a serviço da máquina.
A enfermagem é gente cuidando de gente, portanto sempre vai ter que ser priorizado a assistência humanizada. E a assistência que você presta é humanizada? Por quê?
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