ENFERMAGEM E O OUTUBRO ROSA
- Claudio Brazil
- 14 de out. de 2016
- 4 min de leitura

Estamos vivendo o Outubro Rosa e isto me fez refletir sobre o câncer, suas consequências, seus estragos e sua prevenção.
O câncer é a maior causa de morte no mundo. Muitas destas mortes ocorrem por não terem sido diagnosticadas a tempo, pelo tratamento ter sido iniciado tardiamente, pela falta de orientação e de conscientização sobre a importância da prevenção e até mesmo do autoexame.
Quando é feito o diagnóstico de câncer a pessoa “perde o chão”, seu mundo desaba e o mesmo acontece com sua família, com seus amigos, enfim com todos aqueles que o amam.
O câncer, por si só, no imaginário coletivo, representa a morte, o fim de uma experiência. O fim de uma vida! Tudo aquilo que foi construído, amado ou odiado vai ficar só na lembrança. Desaparece o concreto e fica o abstrato.
Vem o desespero, a insegurança, a dor, a impotência, a perda da autoestima e a fragilidade da autoimagem.
São esses sentimentos que os enfermeiros e demais profissionais da saúde precisam aprender a lidar e trabalhar afim de que tudo isso passe a ser uma carga suportável para o paciente e sua família.
A única forma do enfermeiro auxiliar a aliviar este fardo é através do estabelecimento de uma relação de empatia, pois quanto mais forem entendidos os sentimentos vivenciados mais fácil será o auxílio na superação daqueles que os incomodam.
E se o paciente for uma criança da idade de seu filho ou alguém muito parecido com sua mãe ou seu pai? Bem, aí primeiro será preciso trabalhar com seus próprios sentimentos para então podes trabalhar com os sentimentos do outro. Aparece aqui a importância da supervisão para o enfermeiro e demais profissionais da saúde, ou seja, alguém para cuidar do cuidador.
O cuidador precisa estar fortalecido e preparado para lidar com o sofrimento do outro, mesmo quando a morte está se aproximando, não esquecendo nunca que faz parte de sua atribuição profissional proporcionar uma morte digna para o seu assistido quando esta for inevitável e, ainda, o menos sofrido possível para os familiares do mesmo.
Depois de feito o diagnóstico, passado o primeiro impacto, é de suma importância a adesão ao tratamento e a busca por uma melhor qualidade de vida dentro daquele quadro, a recuperação de sua autoestima e elevação da autoimagem.
O enfermeiro tem que estar preparado para mostrar para aquele que sofre a importância de nunca desistir, precisa ser um facilitador para que a luta continue, deve ser o porto seguro em meio a tempestade.
Para poder realizar tudo isso o enfermeiro precisa estar bem consigo mesmo, ter um amplo conhecimento teórico e ter habilidade técnica suficiente para lidar com a dor e o sofrimento do outro.
Com a adesão ao tratamento surgem novos desafios, o paciente precisa lidar com os efeitos colaterais: as náuseas, vômitos, diarreia, o mal-estar geral. Começam as quedas de cabelos e pêlos do corpo, alterando muito a autoestima e a autoimagem, bem como, o emagrecimento ou inchaço exacerbados. O enfermeiro precisa ser um facilitador para que o paciente possa desenvolver sua resiliência.
O enfermeiro ao realizar suar atividades, a assistência ao paciente, não pode nunca esquecer de trabalhar com a imagem e a estima do mesmo, pois, na maioria das vezes, isso será fundamental para o sucesso do tratamento. E o sucesso do tratamento infelizmente muitas vezes não é a cura e sim proporcionar qualidade de vida e uma morte digna aquela pessoa.
Pessoas que perdem partes de seu corpo ou de sua função física podem ficar curados do câncer, mas se não forem reforçadas em sua autoimagem e autoestima, com certeza, terão um tratamento incompleto, sentirão um vazio e sua cura não será a pleno.
A mulher, geralmente, tem uma sensibilidade maior, portanto sofrem muito mais ao perder o seio ou os cabelos para o câncer ou para a quimioterapia. Um homem sem cabelo passa despercebido, a mulher não!
Essa dor psíquica pode ser aliviada através do trabalho com sua autoestima e autoimagem!
A autoestima e a autoimagem podem ser muito bem trabalhadas, como por exemplo, num Grupo de mulheres mastectomizadas. A troca de experiências vivenciadas ajudará umas as outras a encontrar caminhos e soluções para seus problemas, proporcionará incentivo para a vida, para renascer, para reencontrar a alegria de viver.
Uma peruca pode ser a grande diferença entre estar viva vivendo ou estar viva morrendo! Isso é autoimagem! E quanto melhor for maior será sua autoestima.
Muitas pessoas podem fazer a doação de parte de seu cabelo para a confecção de perucas, mas nuca fizeram por não estarem informadas, por não ter consciência da importância desse ato, na diferença que ele pode fazer na vida de uma pessoa.
Descobrir o câncer em uma fase inicial aumenta muito a chance de cura e a expectativa de vida do paciente.
Os exames preventivos são de extrema importância para evitar a doença ou para diminuir sua gravidade e letalidade, mas muitas vezes são negligenciados pela sociedade em geral e, até mesmo, pelos profissionais da saúde.
A enfermagem em sua maioria é composta por mulheres e se fossemos fazer uma pesquisa de quantas fazem exames de mama, eu até posso imaginar o resultado...
Você que está lendo este texto já fez exame de mama? Faz o autoexame regularmente? E o preventivo de câncer de útero? E os enfermeiros já fizeram o exame de próstata?
Todos conhecem a incidência tanto do câncer de mama e útero quanto de próstata que é bem alta, mas mesmo assim nem todos fazem os exames preventivos.
Não precisam ter sentimento de culpa agora, mas reflitam, tomam consciência e façam seus exames, porque qualquer um de nós pode adoecer. Ninguém é imune a doença, nem os enfermeiros!
Depois sejam proativos em suas comunidades ou ambiente de trabalho, informem, esclareçam, conscientizem.
A prevenção e o início precoce do tratamento, quando diagnosticada a doença é a única solução possível para este grave problema. Se não for diagnosticado de forma precoce a chance de cura diminui drasticamente.
O enfermeiro, por ser um educador por formação, tem um papel relevante na luta contra o preconceito, a desinformação e a falta de consciência sobre esta doença.
Independentemente de sua área de atuação ou de sua especialidade o enfermeiro tem que participar de grupos, palestras e campanhas de esclarecimento sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e tratamento precoce do câncer.
Vamos aproveitar o Outubro Rosa! Vamos tornar todos os meses rosa e azul! Vamos entrar na luta contra o câncer e a desinformação.
Muitas formas de câncer têm cura! São tratadas com sucesso na atualidade, basta que não sejam ignoradas!
Percam o medo! Busquem a prevenção e/ou o tratamento precoce. Esta é a solução!
Comentários