ENFERMEIRO E A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: O DESPERTAR DA GENEROSIDADE MAIOR
- Claudio Brazil
- 1 de out. de 2016
- 4 min de leitura

Com o avanço da expectativa de vida que vem acompanhado de mais doenças degenerativas, aumenta a necessidade da captação de órgãos para o transplante. A fila de espera por um órgão aumenta cada vez mais.
As pessoas passam a ser potenciais receptores, devido ao avanço a esse avanço da expectativa de vida e das doenças degenerativas, mas a grande maioria ainda não tem consciência desta situação. Precisam ser despertadas para esta nova realidade.
A sociedade como um todo precisa investir no despertar da generosidade e, não existe generosidade maior do que a doação de órgãos que é feita pela família num momento de extrema dor.
O ato de doar órgãos traz consigo a esperança de uma vida, um renascer, uma oportunidade para continuar a viver.
Pessoas condenadas, caminhando para morte, vão encontrar uma luz no fim do túnel, vão encontrar uma esperança, uma oportunidade de continuar a viver, só basta encontrar alguém altruísta que se dispôs e orientou seus familiares a doar seus órgãos, depois que deixar esta vida.
No Rio Grande do Sul, apenas um pequeno percentual das pessoas que morrem, os familiares se dispõem a fazer a doação de órgãos. Muitas pessoas morrem na fila de espera na expectativa de encontrar alguém que lhes possibilite a viver.
Precisa haver uma mudança na cultura da sociedade, tem que ser despertada a generosidade maior do ser humano, necessita ocorrer um engajamento maior de todos nós nesta luta que não é só daqueles que já estão na lista de espera de órgãos, mas de todos nós que um dia poderemos estar nesta fila de corpo ou de afeto e também, porque como profissionais de saúde precisamos lutar, incondicionalmente, sempre pela vida!
Fazendo um exercício de empatia: “e se naquela fila de espera estivesse o meu filho, meu pai ou minha mãe ou alguém que eu amo muito. Qual seria minha esperança, minha maior expectativa”? Esta é a mesma esperança, a mesma expectativa que sentem os pais, os filhos ou os que muito amam aqueles que estão na fila de espera por um órgão.
A violência está cada vez maior na sociedade atual, muitos jovens morrem diariamente vítimas de acidentes ou assassinatos, seus órgãos são cremados ou enterrados e a fila de espera por um transplante aumenta cada vez mais. Cada órgão que se perde é uma esperança que se vai.
Os familiares dos que morreram são maus ou egoístas? Claro que não! O que falta, na maioria das vezes, é o esclarecimento, a conscientização da importância da doação de órgãos, é a mudança cultural da sociedade. Falta ser evidenciada a importância da doação de órgão.
Uma pessoa pode salvar muitas outras com a doação de seus órgãos!
Muitas pessoas vão diminuir enormemente a fila de espera por um transplante!
A sociedade como um todo, após ter uma mudança cultural e aceitar como parte de sua vida a doação de órgãos, com certeza, possibilitará que não exista mais fila de espera e a vida voltará a sorrir para todos, principalmente para quem necessitar de um transplante.
Para o familiar daquela pessoa que morreu, doou seus órgãos restará o consolo de ter ajudado a salvar uma vida, e ainda, seu familiar que partiu permanecerá com o coração batendo, os rins e o fígado funcionando, o pulmão respirando, as córneas auxiliando na visão mesmo que seja em outra pessoa.
O enfermeiro como agente de transformação social é um elemento importante desta cadeia a favor da doação de órgãos.
A mudança começa pelo individuo revendo e refletindo sobre o tema, estudando, procurando sempre aprimorar seu conhecimento acerca do assunto.
Na academia tem que haver uma discussão bem maior sobre o assunto, sobre o preconceito que cerca o tema, sobre a doação de órgãos, a expectativa de vida sobre os que já estão na fila de espera por um órgão e daqueles que um dia poderão estar nela como por exemplo: NÓS!
Esta discussão precisa ser feita nas faculdades de enfermagem, nos cursos técnicos de enfermagem, pois a enfermagem tem na essência da sua formação a luta pela vida, a assistência de qualidade para melhorar a qualidade de vida do assistido.
Nada é mais vida do que a doação de órgãos, pois na presença da morte se tem a esperança de alcançar a vida mesmo que seja em outra pessoa.
Os colegas que estão em campo, tanto no hospital como nas unidades básicas, podem criar grupos de estudo e discussão no assunto e se tornarem proativos na mudança social, facilitando e aumentando o número de candidatos a doadores e doadores propriamente ditos. Podem realizar palestras em sua comunidade ou área de atuação de sua UBS.
Para mudar os conceitos sociais é importante que se trabalhe com as crianças, então realizar palestras em escolas sobre doação de órgãos é de suma importância para a transformação da sociedade e sensibilizar os professores para que trabalhem este tema com seus alunos.
As escolas que trabalham com adolescentes têm um papel muito importante na discussão deste tema e na mudança cultural da sociedade, assim como grupos de igreja, escotismo e outros da sociedade organizada.
O enfermeiro tem que estar preparado e disposto a realizar palestras sobre esse tema nos locais citados e onde forem solicitados.
Repito e enfatizo que em um dia qualquer um de nós ou alguém que amamos muito, poderemos estar numa fila de espera por um órgão para poder sobreviver, para ter uma chance de continuar a viver ou até mesmo renascer.
Eu sou doador e se conseguir com algum órgão, salvar uma vida, dar uma esperança de vida, uma só que seja, com certeza onde eu estiver, estarei muito mais feliz.
Pense, reflita, seja proativo na mudança social por um número maior de doadores de órgãos!
Vamos lutar para acabar com a fila de espera e diminuir a angustia daqueles que nela estão e de seus familiares.
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