RELAÇÃO TERAPÊUTICA, COMUNICAÇÃO E A ENFERMAGEM

A principal condição para ser enfermeiro é estar disposto e ter a capacidade de estabelecer relações terapêuticas e, desenvolver seu processo comunicacional com o paciente, ter vocação para desempenhar o cuidado integral e gostar de gente.

Antes de formar o enfermeiro, tem que ser formado o ser humano que vai exercer a enfermagem. Isso é primordial e essencial para uma enfermagem humanizada e os professores têm que estarem cientes e muito atentos a esta premissa.

A pessoa pode ter todas as qualificações técnicas, mas não pode faltar as qualificações humanas como ser empático e disposto a estabelecer relações interpessoais terapêuticas, estar muito atento ao processo de comunicação também terapêutico.

A enfermagem é uma profissão que trabalha essencialmente com os sentimentos e emoções do ser humano. Trabalha com o processo saúde-doença e todas as suas vicissitudes, trabalha com a dor e a doença do outro e, com os sentimentos e as emoções imanadas destas situações, portanto para desenvolver sua função, o enfermeiro precisa estar atento ao processo de comunicação, atento tanto para a linguagem verbal como a não verbal. Ao mesmo tempo tem que estar apto a estabelecer relações interpessoais de forma terapêutica.

Como afirmava Peplau, a enfermagem é o relacionamento humano entre um indivíduo que precisa de cuidado de saúde e o enfermeiro preparado para atender a esta necessidade de ajuda que é satisfeita por meio da interação entre ambos. A relação interpessoal e a comunicação terapêutica são instrumentos básicos e essenciais no fazer dos enfermeiros.

A capacidade de comunicação é diretamente proporcional a capacidade de estabelecer vínculos e assim melhor assistir ao paciente, pois é através da compreensão do que está ocorrendo que poderemos entender os efeitos e os significados das ações dirigidas a eles e, através de uma reflexão aprimorar o que está correto e refazer o que for necessário.

Stefanelli considera a comunicação como um processo de compreender, compartilhar mensagens enviadas e recebidas, sendo que as próprias mensagens e o modo como se dá o intercâmbio exerce influência no comportamento das pessoas nela envolvidas a custo, a médio e a longo prazo.

Não podemos nunca esquecer da linguagem não verbal a qual muitas verdades escondidas são expressas de forma clara para o observador atento, com conteúdo importante para o estabelecimento da relação interpessoal terapêutico.

Rogers entende a ajuda terapêutica como aquela que promove no outro o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, o melhor funcionamento e uma melhor capacidade de enfrentar a vida.

O enfermeiro tem que centrar sua atenção na pessoa da doença e não só na doença da pessoa e, sendo assim, ela é tratada como o agente principal da nossa ação.

Quando o paciente consegue estabelecer um vínculo com o enfermeiro, através da relação interpessoal terapêutica e do processo comunicacional, os resultados tendem a ser influenciados com a atenção recebida e otimizar o tratamento.

A relação interpessoal terapêutica entre o enfermeiro e o paciente ocorre mediante trocas no qual ambos se beneficiam, o paciente entendendo o que ocorre consigo e o enfermeiro obtendo informações que lhe possam auxiliar a compreender o que está acontecendo com o paciente. O respeito entre ambos como individuo único, fará com que aprendam e cresçam como resultado da interação entre eles.

Na busca por uma enfermagem cada vez mais humanizada é necessário a completa interação entre a cientificidade da profissão, a qualificação técnica do profissional e a sua capacidade de estabelecer a relação interpessoal e a comunicação terapêutica.

A sociedade, o mundo atual pode estar nos robotizando, mas não podemos perder nossa essência e nossa humanização na forma de tratar o outro, para só assim nos tornarmos indispensáveis a ele e, então, nos realizarmos em nossa profissão.