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O ENFERMEIRO E O ATENDIMENTO DA DIMENSÃO ESPIRITUAL DO PACIENTE

  • Prof. Claudio Mairan Brazil
  • 27 de jul. de 2016
  • 4 min de leitura


Faz parte da essência da enfermagem e do enfermeiro a visão de homem como um ser total, um ser bio-psico-social-espiritual.

A assistência de enfermagem para ser adequada e completa tem que atender este homem como um todo, em todas as suas dimensões. O enfermeiro precisa sempre atender ao seu João da úlcera e não se preocupar somente com a úlcera do seu João.

Nos textos anteriores discuti diversos aspectos do fazer do enfermeiro, neste pretendo centrar na assistência espiritual a ser prestada para enfermagem.

Esta dimensão do homem é a que somos menos preparados para assistir em nossa formação acadêmica. Ela não é contemplada nos currículos de graduação e, quando vista, normalmente é de forma superficial. Muitas vezes, o acadêmico é orientado a não entrar nesta área com o seu paciente, evitar de discutir aspectos relacionados a religiosidade do mesmo.

Se o enfermeiro vê no homem um ser total, e isto faz parte de seu discurso, ele tem que estar preparado para atender seu paciente também na dimensão espiritual ou então estará prestando uma assistência incompleta.

O enfermeiro tem que ter sempre a perspectiva da enfermagem e esta perspectiva é a de atender ao homem em sua totalidade.

A espiritualidade é a essência da vida quando adoecemos e sofremos ocorre um desequilíbrio do nosso Ser com o Universo e, nesse momento, pode ocorrer uma maior busca pela religiosidade na tentativa de trazer alívio, cura e continuidade após a o término da vida, procurando nos prepararmos para morte.

O padre Marcos Sandrini defende espiritualidade como vida, construção, força, ação e liberdade e que espiritualidade habita o corpo, a realidade e lhes dá vida. A espiritualidade não está fora da matéria, fora do corpo ou da realidade, ela habita a matéria, o corpo, a realidade e lhes dá vida, na opinião deste mesmo autor, e ainda que espiritualidade é tudo o que se refere à vida.

A espiritualidade de uma pessoa, sendo o mais profundo do seu próprio Ser, é a responsável por seu projeto de vida, seu objetivo, sua paixão e seu mundo idealizado. A espiritualidade não é palpável, não é concreta, ela é uma energia que nos conecta com o Universo, é crer que há algo superior a nós, é a capacidade de acreditar no improvável. Penso que até mesmo acreditar que não existe este SER SUPERIOR faz parte da espiritualidade, pois dá vida e impulsiona o homem para ações, faz parte de sua motivação e utopia.

A religiosidade procura tornar concreto o que é abstrato. Busca, através da nossa fé, explicar a presença de Deus e estabelece várias normas e rituais que devemos seguir para sermos pessoas melhores e alcançarmos o “Reino dos Céus”. Cada religião possui seu conjunto de crenças e valores, existem várias religiões, mas todas possuem o mesmo objetivo que é buscar a Deus. Toda vez que fazemos uma prece, rezamos, oramos, meditamos, emanamos energias positivas, ou seja, toda a vez que realizamos qualquer ação que busca nossa conexão com Deus estamos exercendo nossa religiosidade e estimulando nossa espiritualidade.

Para o padre Cezar Moreira do Santuário Nacional de Aparecida rezar é colocar-se a disposição de Deus, já a professora enfermeira Lisa Antunes que é evangélica, me ensinou que orar é conversar com Deus enquanto rezar é algo pré-estabelecido, já pronto.

É importante entendermos a espiritualidade como promoção da vida e a religiosidade como a expressão da vida e da nossa conexão com Deus e, que o paciente quando vai para o hospital vai em busca de sua cura, sua melhora, sua vida, nada mais é importante para a assistência de enfermagem que o enfermeiro esteja atento para esta dimensão do homem sob seus cuidados.

O enfermeiro tem que estar atento e disponível para o paciente e que este possa sentir-se a vontade para expressar e debater sua religiosidade e/ou espiritualidade com o profissional. Estimular o paciente a pôr-se a disposição de Deus e conversar com Ele. Permitir ao paciente que ele expresse a sua crença, sem que seja ferida a cientificidade do tratamento a que está sendo submetido e sem que seja atropelado o direito do outro. Encaminhar para ou solicitar a presença de um religioso que atenda a crença daquela pessoa. Nada impede o profissional de rezar, orar ou meditar com o seu paciente. Propor leituras que possam auxiliar no tratamento daquela pessoa. Quando for unidades de internações de longa permanência propor um grupo de espiritualidade onde possam haver discussões sobre este tema e suas diversidades.

Com tudo, é necessário, também, estar atento se o paciente não está apresentando ideia mística delirante para que não seja reforçado esse tipo de alteração do pensamento, mas é importante que mesmo sendo algo de cunho delirante há a necessidade de trabalharmos esse aspecto, respeitando a crença dessa pessoa em um Ser Superior, porém tomando o cuidado de não reforçar os aspectos delirantes.

O enfermeiro tem que estar preparado para todas as religiões, sem interferir na sua própria, tem que conhecer os princípios das mesmas e para isto é necessário estudar cada vez mais, ler muito e assim podemos confirmar que “a beleza ser enfermeiro é ser enfermeiro apesar de tudo”.


 
 
 

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