A supervisão e o fazer do Enfermeiro
- Prof. Claudio Brazil
- 24 de abr. de 2016
- 3 min de leitura

Em seu dia-a-dia o enfermeiro e sua equipe se deparam com o sofrimento e a dor do outro, do paciente, ou seja, daquele que sofre junto, que se desestrutura com esta doença e/ou este doente.
Esta dor, este sofrimento, esta desestruturação pode e deve atingir nossa estrutura psíquica, pois se enfermagem é “gente cuidando de gente” o enfermeiro como gente não pode ficar indiferente ao que esta acontecendo com o outro, porque se houver a indiferença, vai haver também a insensibilidade, e não tem nada pior para o profissional e sua profissão do que o embrutecimento. Embrutecer é não ser gente, e não ter condições de cuidar de gente.
Se o enfermeiro embrutece, ele se transforma numa máquina de executar técnicas, mas jamais vai fazer enfermagem pois ele não será capaz de estabelecer uma relação pessoa-pessoa, que é fundamental no processo de assistir executado pelo profissional enfermeiro. Sendo a enfermagem a ciência e a arte de assistir ao ser humano é impossível se fazer arte ou ciência sem usar sensibilidade.
Todo o artista em sua obra usa como fundamental para seu processo de criar, o seu sentir, a sua capacidade de interagir, enfim os seus sentimentos.
O enfermeiro ao interagir com o paciente coloca em jogo seus sentimentos que podem ser tanto de amor como até de ódio, indo de um extremo ao outro.
O que precisamos é aprender a lidar e a conviver com esses sentimentos. O bem assistir e a atividade andam de mãos dadas, a empatia é o alicerce do cuidado prestado pelo enfermeiro.
Muitas vezes nos ensinam que o enfermeiro não pode expor sentimentos eu sempre considerei isto um equivoco, para não dizer uma grande bobagem, pois não temos como dividir o nosso sentir em pessoal e profissional porque somos uma só pessoa e indivisível. Se houver a divisão podemos começar a pensar em esquizofrenia. Sempre exemplifiquei este meu pensar como aquela mãe que perde seu filho lá na pediatria. Nada nos impede de chorar com ela. Claro que não podemos fazer uma crise histérica e gritar pelos corredores. Nossos sentimentos e/ou problemas tem que serem trabalhados e jamais ignorados ou postos de lado em nome de uma atitude profissional.
O que podemos fazer para que nossos sentimentos não interfiram na nossa assistência?
Aqui entra a supervisão.
Quando falo em supervisão, não me refiro àquela atividade administrativa, em que o empregador para não contatar mais enfermeiros, os quais seriam necessários criam a figura de supervisor que vai cobrir todo o hospital. Falo da reunião de supervisão onde alguém com mais conhecimento e experiência vai discutir e trabalhar os sentimentos surgidos das atividades diárias serão discutidas as relações interpessoais e o que surge deste conviver tanto com pacientes quanto com colegas de trabalho. Deve ser trabalhado tudo aquilo que pode interferir na assistência prestada. Na supervisão deve ser discutido o que o paciente sucita em mim, porque eu amo ou porque odeio aquele paciente ou até mesmo porque ele é indiferente para mim. O mesmo acontece em relação aos outros membros da equipe.
Quando estiver com estes sentimentos bem claros em mim eu vou poder sofrer menos e fazer menos mal para aquele que depende do meu cuidado, com certeza estarei em condições de prestar uma assistência de enfermagem de melhor qualidade.
Para realizar este tipo de supervisão necessitamos de 1 hora por semana em nossa carga horária total. Penso que não é impossível de ser realizada também se torna necessário que estudemos técnicas de dinâmica de grupo e para isto tem muito material teórico.
Sugiro aos colegas que fiquem atentos para a necessidade da supervisão e poderão entender melhor porque a BELEZA DE SER ENFERMEIRO É SER ENFERMEIRO APESAR DE TUDO.
EM BREVE .... ENFERMAGEM, TECNOLOGIA E EMPREGO.
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