O enfermeiro está preparado para trabalhar com uma geração Sequelada?
- Prof. Claudio Brazil
- 23 de fev. de 2016
- 3 min de leitura

Parece forte, insensível e não humano este título, mas é uma provocação para reflexão em cima de uma preocupação que tenho há muito tempo, ou seja, a de que o enfermeiro estuda pouco ou muito menos do que devia.
Aqueles colegas que neste momento não estão concordando com esta minha preocupação eu pergunto: Quantas horas tu dedicas ao estudo por dia? Por mês? Por ano? Ou ainda o quanto estudou após a formatura?
Creio que agora muitos vão compartilhar de minha preocupação.
Racionalizando, muitas razões vamos encontrar para justificar esta situação de gênero, uma vez que a maioria dos profissionais de enfermagem são do sexo feminino, não que a mulher seja menos estudiosa do que o homem ou menos inteligente, mas porque ela tem uma sobrecarga de trabalho muito maior uma vez que além de sua atividade profissional tem que cuidar da casa do marido, dos filhos. Apesar de eu acredita que estas atividades sejam do casal e não da mulher, não podemos esquecer de apesar de muitos avanços, a sociedade ainda é essencialmente machista.
Esta sobrecarga de trabalho dificulta encontrar espaço em sua rotina, para estudar e facilita a acomodação. Outro motivo muito relevante é o fato do que é exigido do enfermeiro pelas instituições empregadoras, esperam que o enfermeiro administre o serviço, mantendo escalas funcionais pedido de material atualizado, folgas e férias em dia, para os funcionários sob sua supervisão. Para isto saímos com um bom embasamento da academia. Poderíamos ainda elencar uma série de outros motivos mas para voltar ao título desta reflexão ou deste artigo.
Está chegando uma geração de sequelados em função do Zika vírus que chegou ao Brasil com tudo, a microcefalia está aí, presente no nosso dia-a-dia, e quando o governo admite um número sabemos que o número é muito maior. O Zika vírus não é só responsável pelo aumento dos casos de microcefalia, mas também pode estar associado a outras doenças neurológicas (Síndrome de Guillain-Barré). Estas crianças com microcefalia e outras síndromes neurológicas vão estar com sequelas e nós enfermeiros estaremos preparados para dar uma vida digna a elas? O que sabemos sobre este vírus, sua patologia e suas consequências?
A resposta será de que sabemos muito pouco, mas estamos procurando saber mais? Estamos estudando e nos preparando? Ou vamos digerir o que os outros estudaram?
E quando tivermos que nos defrontar com esta realidade futura faremos o que é mais comum e conveniente, ficaremos no posto de enfermagem, no computador, arrumando escalas, fazendo pedido de material e farmácia?
Com certeza hoje muitos enfermeiros estão trabalhando e com eficiência no combate ao mosquito transmissor e na profilaxia.
Os sequelados estão vindo e é para este que devemos estar preparados. Quando uso a expressão sequelados é para chamar a atenção, pois é uma expressão forte, mas o que espero é que os enfermeiros estejam preparados para lidar com a pessoas sequeladas e não com a sequela das pessoas. Para que isto aconteça temos que encontrar um tempo em nossa rotina para estudar individualmente ou em grupo.
Todo acadêmico estuda para ser aprovado, mas o PROFISSIONAL tem que ESTUDAR para SABER. Este saber tem que ser utilizado em benefício do paciente que é a razão principal de nosso FAZER.
O enfermeiro tem que conhecer seu paciente, sua doença e seu tratamento, quando administrar uma medicação prescrita tem que conhecer seus efeitos seu mecanismo de ação, mas principalmente seus efeitos colaterais pois para os efeitos esperados o médico está atento, mas os colaterais o enfermeiro tem que identificar. Para isto é necessário muito estudo, pois cada pessoa é uma pessoa o indivíduo é único. Você que está trabalhando, está estudando o suficiente para dar uma excelente assistência de enfermagem?
Você vai diariamente ao quarto do seu paciente para identificar seus problemas e preocupações?
Se as respostas forem negativas invistam em vocês e na sua profissão desenvolvam o hábito da leitura e do estudo diário, e se positiva PARABÉNS e nunca esqueçam que a BELEZA DE SER ENFERMEIRO É SER ENFERMEIRO APESAR DE TUDO.
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